Devo deixar o bebê chorando ou atender suas vontades?
Se você já deu de mamar, trocou a fralda e verificou a temperatura do bebê, mas ele não para de chorar, a primeira coisa que você faz é correr para ele e dar atenção.
Com essa atitude, seu bebê se sentirá muito mais seguro e você resolverá o problema, mas, em longo prazo, ele pode se tornar uma criança mimada e você, uma mamãe exausta. É preciso de equilíbrio!
De um lado, o senso comum apoia a negligência ao choro do bebê com conselhos do tipo “não pegue no colo, seu filho está te manipulando”. Do outro, o amor de mãe quer deixar toda a sensatez de lado e atender o pequeno. Se o choro descontrolado acontece em um local público, a mamãe ainda tem que lidar com o julgamento dos outros sobre a falta de controle do bebê.
Descubra um pouco mais sobre causas, efeitos, benefícios e malefícios de atender prontamente o choro do seu filho e decida como criá-lo para que ele se torne um ser humano empático, compreensivo e coerente por toda a vida:
Não deixe o bebê chorando
Bebês menores de seis meses não fazem manha. Esse comportamento deliberado para chamar atenção exige que o cérebro esteja um pouco mais desenvolvido. Então, no caso dos recém-nascidos, o choro é totalmente impulsivo, além de ser a sua única forma de se comunicar com o mundo.
O bebê não chora apenas por causa de fome, fralda suja ou frio. A vida fora do útero está sujeita a uma série de variações que antes não existiam e que, por isso, ele ainda não sabe como lidar e está começando a aprender. É claro que ele vai buscar, e muito, a sensação de bem-estar com o colo, o aconchego e o cheirinho da mamãe.
Na hora de dormir, o choro descontrolado é muito comum. A explicação também está no desenvolvimento cerebral, que possui um sistema de angústia de separação a pleno vapor por volta do sexto mês de vida, mas que vai se deteriorando naturalmente de acordo com a maturidade neurológica.
Há pesquisas que mostram que se você atender prontamente o bebê, ocorre uma redução saudável do choro com o passar do tempo. Já o oposto, deixar o pequeno chorando sozinho com frequência, funciona como um castigo e submete a criança a uma alta dose de estresse, fazendo com que o pequeno cresça com baixa autoestima, ansiedade, introspecção e dificuldade de controlar as emoções.
O pequeno nunca terá seu desenvolvimento prejudicado por receber amor. Existe até um método chamado de criação com apego, que permite que os pais atendam amorosamente às necessidades do pequeno e criem fortes vínculos emocionais, ao mesmo tempo em que ensinam lições como empatia e compaixão. Então, se você optar por ir até o seu bebê ao menor sinal de choro, siga o seu coração e tente se blindar das opiniões alheias.
Tudo bem deixar o pequeno chorar um pouco
Não é recomendado que as crianças sejam deixadas por longos períodos e frequentemente sem resposta para o seu choro.
O ser humano é altamente adaptável e é possível “treinar” o bebê para que ele pare de chorar sozinho, mas isso tem um custo: ele não vai parar de chorar porque deixou de sentir o que estava sentindo, mas sim porque ninguém veio atendê-lo. Essa atitude cria uma pseudoindependência e fragiliza o elo de confiança com a mãe.
Posteriormente, o seu filho será ainda mais abalado com essas consequências da infância, por isso vale a pena deixar o pequeno chorando um pouquinho, seja no berço ou no carrinho de bebê.
Agora, se o bebê mal começou a resmungar e já recebe colo, peito, mamadeira, carinho e afins, ele passará a associar o choro incorretamente como uma forma de obter uma recompensa ou um benefício. Principalmente na hora do sono, quando o despertar noturno pode ser apenas parte do ciclo de sono infantil, o seu filho passa a depender de alguma atitude da mamãe para voltar a dormir e, consequentemente, terá uma qualidade de sono ruim, fará sonecas mais curtas e ficará irritado.
No caso de algumas crianças, técnicas como a do choro controlado podem funcionar de forma efetiva para acalmar o bebê sem causar impactos emocionais. O método pode sim dar resultados, mas apenas se a relação entre a mamãe e o bebê já for suficientemente poderosa e se o limite de angústia do pequeno for respeitado.
O “problema” de deixar o bebê chorando um pouco é o limite dos pais. Ninguém gosta de ver o pequeno chorando e não fazer nada, mas, às vezes, a mamãe e o papai estão tão esgotados ou já tentaram de tudo que deixar o choro passar (em um local seguro para a criança) é a única solução encontrada para lidar com a situação.
Para as crianças maiores de seis meses, não atender o choro imediatamente pode ensinar que a frustração faz parte da vida e que os pais nem sempre poderão suprir todas as necessidades e realizar todos os desejos infantis. Além disso, nessa fase da vida, elas já começam a fazer manha, e atender o mau comportamento vai incentivar essa forma nada agradável de chamar a atenção dos pais. Lembre-se que cada etapa de desenvolvimento da criança precisa ser tratada de uma forma diferente e adequada para a família, mas sempre como amor e respeito.