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Andador: pode ou não pode?

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Ele já foi vilão e amigo do desenvolvimento saudável das crianças que estão dando os primeiros passos, e agora, cabe aos pais a decisão pela compra ou não do famoso andador. O produto até continua a ser vendido no país, mas alguns modelos ganharam novos usos, devido aos riscos identificados ao longo do tempo.

No ano de 2013, o andador foi oficialmente proibido de ser comercializado por meio de uma liminar, após uma ação civil pública da Sociedade Brasileira de Pediatria. Para isso, os especialistas alegaram que o equipamento trazia riscos de acidentes, fatais ou não, para os pequenos, já que, meses antes, a maioria das marcas existentes no mercado havia sido reprovada em testes do Inmetro.

A partir de então, o órgão passou a certificar o produto, com base na regulamentação elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, e, por isso, agora apenas os modelos com o selo de aprovação do Inmetro estão liberados para venda e as marcas que descumprirem as ordens serão multadas. No entanto, algumas cidades possuem legislações específicas sobre o uso destes equipamentos: em Passo Fundo (RS), a venda é proibida, enquanto que em Belo Horizonte, não é permitido o uso em escolas e creches do município.

Desde esse período, a Sociedade Brasileira de Pediatria tem feito uma campanha para desencorajar os pais a oferecerem andadores para seus filhos, além de ações que impeçam a venda deste item. Para ela, além de ser um equipamento inseguro, também prejudica o aprendizado das crianças, uma vez que não estimula o processo natural de aquisição dos movimentos (rolar, sentar, engatinhar e caminhas), pois a criança frequentemente apoia apenas a ponta dos pés no chão enquanto desliza sobre o produto.

O Canadá foi o primeiro país a proibir o uso, após pesquisas apontarem um alto número de lesões nas crianças. Na Áustria, um estudo revelou que 55% das famílias com filhos que sofreram algum tipo de acidente possuíam andadores em casa, em uma em cada cinco já havia se acidentado. Já a Aliança Europeia para a Segurança Infantil afirma que o equipamento é o que mais provoca lesões nos pequenos, com 90% delas na cabeça.

O que pode acontecer se meu filho usar o andador?

Um dos principais perigos desse item é que ele passa uma falsa sensação de tranquilidade para os pais e os responsáveis. Muitas vezes os adultos deixam a criança circulando sozinha pela casa em cima do andador e vão para outro cômodo realizar outra tarefa, sem estarem cientes dos riscos que o pequeno pode estar correndo.

Pode não parecer, mas o andador chega a se movimentar um metro por segundo no chão, o que é muito rápido. Se o supervisor estiver descuidado, a criança pode chegar próximo demais do forno quente, dos degraus da escada e da beira da piscina. Um simples desnível no chão ou um brinquedo fora do lugar já podem causar um acidente! Queimaduras e afogamentos são só alguns dos riscos, além das quedas, nas quais, geralmente, a cabeça da criança é a primeira parte do corpo a ser atingida, podendo haver até mesmo um traumatismo craniano fatal.

O uso do andador ainda pode comprometer o desenvolvimento motor dos pequenos, pois a criança não apoia o pé da forma adequada para andar e, em casos extremos, vai resultar em cirurgias para correções no dorso, nos tornozelos ou nos dedos. No andador, a criança sequer fica na posição ideal para aprender a caminhar, o que pode atrasar o primeiro passo do seu filho.

Qual é a alternativa?

Os produtos infantis certificados pelo Inmetro possuem condições para a redução de acidentes, como o travamento das rodinhas, assentos que não ficam rebaixados demais quando o bebê se senta e componentes que não se soltam. Por isso, a primeira dica para as famílias que pretendem contar com o item para auxiliar na rotina da criança é verificar as especificações do andador, e, na dúvida, conversar com o vendedor.

Uma vez em casa, o andador deve ser utilizado apenas em locais seguros. Isso quer dizer que a criança deve ficar em um piso uniforme, sem escadas e piscinas por perto, nem outros fatores que possam causar acidente, como produtos tóxicos ou toalhas de mesa estendidas.

Para deixar a criança se movimentar livremente sobre o equipamento, sempre deve haver a presença de um adulto no mesmo espaço em que ela estiver. Por isso, nada de deixar o bebê na sala e começar a preparar o jantar ou mexer no celular: seu filho precisa ser acompanhado para que os riscos do andador infantil sejam minimizados, sem que uma tragédia aconteça.

Alguns andadores infantis acabaram sendo reformulados e agora são apresentados como central de atividades. A diferença é que essa não possui o assento para a criança, mas é uma ótima opção para estimulá-la a ficar em pé, apoiada sobre a mesa, para descobrir as atividades que o brinquedo possui. Quem dá preferência para este produto precisa deixá-lo próximo a uma parede, pois, caso o bebê já tenha força para empurrá-lo, ele pode cair e acabar batendo a testa no brinquedo.

Então, respondendo à pergunta: andador até pode, mas não é necessário nem recomendável pelos especialistas. Por isso, tenha muito cuidado com o produto e, se possível, permita que seu filho se desenvolva naturalmente, passando por todas as fases de aquisição motora. Vai ser uma aventura para ele e uma diversão para você!