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Bichinhos de estimação

Eles são capazes de se entender só com o olhar e de passar horas e horas brincando. A relação das crianças com os pets pode ser mais prazerosa e benéfica do que se imagina!

Muitos pais evitam o contato das crianças com os animais de estimação por medo de que desenvolvam alergias ou de que o bichinho seja agressivo, quando, na verdade, essa relação pode trazer benefícios para o desenvolvimento de ambos.

“Uma criança em contato com pets tem chances de desenvolver um sistema imunológico bem mais preparado e resistente. Os pais temem que os filhos fiquem perto de animais por acharem que os pelos desencadeiam problemas respiratórios, mas acariciar um cão, por exemplo, pode elevar os níveis de imunoglobulina A, um anticorpo presente nas mucosas que evita a proliferação viral ou bacteriana”, explica Dra. Gisele Carmona, veterinária e proprietária do Gatil OlimpiCoom.

Segundo ela, uma pesquisa realizada pelo Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP) comprovou que algumas proteínas responsáveis por desempenhar um importante papel na regulação do sistema imunológico e das alergias aumentam significativamente em crianças de um ano quando expostas precocemente à presença de um cão ou de um gato, por exemplo.

A veterinária Dra. Ceres Berger Faraco lembra que, para isso, o animal precisa estar bem cuidado e ter certo nível de higiene. Por isso, mantenha-os sempre limpos, saudáveis e com as vacinas em dia. “Dessa forma, a relação influenciará as crianças, que terão o sistema imunológico mais bem desenvolvido.”

Além disso, ela explica que, entre os três e os cinco anos de vida, a criança faz uso da comunicação não verbal, que é muito bem-sucedida com os animais. “Fica evidente a forma, quase nata, como se relacionam. Os pequenos se comunicam melhor com os animais do que com os adultos. É recíproco. O desenvolvimento emocional cria uma rede de afeto, e a criança percebe isso com o animal, pois há uma troca de cuidados”, relata.

Sociabilização

A relação criança-animal deve ser pautada pelo respeito. Os pais precisam ensiná-la como tratar bem do bichinho e até como ajudar nos cuidados diários de alimentação e higiene. Mas é importante que essas tarefas sejam realizadas com o prazer de ajudar seu animal, e não como forma de castigo. “Responsabilizar a criança por algum cuidado com o bichinho traz o ganho de sentir-se, de fato, parte integrante da vida do animal.

A alimentação é uma boa tarefa a ser repassada para a criança quando muito pequena. Já alguns anos depois, é bom deixá-la responsável pela limpeza do animal e dos lugares que ele ocupa na casa”, explica Elizabeth Duarte, coordenadora pedagógica do colégio Nossa Senhora do Morumbi. Dessa forma, os pais estão dando a possibilidade de o filho construir uma postura de cooperação e de assumir a responsabilidade. Dra. Ceres lembra que crianças pequenas precisam do apoio dos pais para que se tornem cuidadoras aos poucos, e não ser totalmente responsáveis pelo pet, mesmo que tenham idade para ajudar.

“Mostre como realizar as tarefas até deixá-las fazer sob supervisão. No momento em que a criança fizer um favor ao animal, e ele retribuir com carinho, a tendência é que essas ações se tornem automáticas, criando a sensação de bem-estar por ser responsável por algo importante”, ensina Dra. Gisele. Essas lições serão passadas para a vida da criança como forma de respeito pelos sentimentos do outro e retribuição do amor dedicado.

Por uma convivência saudável

Um filhote aprontando dentro de casa pode ser até engraçado no começo, mas ele vai crescer, e as coisas tendem a piorar. Por isso, determine as regras desde quando as crianças são pequenas e ensine-as a tratar bem os seus pets, independentemente da situação. “Todo comportamento do adulto, em qualquer situação, é observado e imitado pelas crianças, pois somos a referência mais próxima delas. Portanto, o tratamento que damos aos animais de estimação também será validado para elas como correto”, relata Elizabeth. Não adianta gritar, nem brigar, e sim ensinar.

“A melhor maneira é mostrar com as suas ações o tratamento adequado e conversar com a criança, explicando que essas posturas machucam e trazem desconforto ao pet, além de que podem desencadear uma reação do animal contra ela, muitas vezes até machucando”, completa. E para que isso não aconteça tome cuidado para que o animal não se sinta acuado e tente reagir, mordendo ou arranhando a criança. “Evite que as crianças o encurralem, demonstrem agressividade ou o desafiem para um ataque direto, principalmente um pet que ainda não está acostumado a elas”, diz a Dra. Gisele.

“A melhor forma de prevenir é saber que a criança nunca pode ficar sozinha com o animal, deve sempre haver supervisão adulta”, completa Dra. Ceres. Mas, caso seja necessário repreender o animal, tome a postura de líder, demonstrando isso em sua atitude, sem agressão, apenas indicando o que pode ou não ser feito. “Todo animal faz de tudo para nos agradar, portanto, devemos deixar claro o que nos deixa felizes ou não.

Por exemplo, você chega em casa depois do trabalho e o seu cão te recebe com euforia. Você não quer que ele pule naquele momento e entra gritando e gesticulando para que ele fique quieto, mas isso só o deixará ainda mais eufórico, pois o cão sente a sua ansiedade e entende isso de maneira diferente da sua. O correto, caso não queira ter essa forma de recepção, é que você entre em silêncio, sem alardes, sem ansiedade. Assim, ele tentará brincar, mas perderá o interesse quando perceber que você não deu atenção”, conclui a veterinária Gisele.

A escolha

O animal mais comum no convívio com crianças é o cão. Segundo a Dra. Gisele, isso acontece porque os pais seguem o conceito de que ele pode ser o melhor amigo, o mais brincalhão, entre outras crenças. Mas ela explica que não existe um animal mais indicado, desde que esse seja ensinado a ser dócil e amoroso. “Claro que cada bichinho tem suas particularidades, mas qualquer um pode se adaptar a conviver com uma criança, a diverti-la, a ensiná-la. O importante é que a família pense e pesquise aquele que mais se enquadra na forma de vida de todos os integrantes.

Caso seja uma família em que todos fiquem fora de casa na maior parte do tempo e não tenham disponibilidade para passeios nem para atenção, talvez seja melhor escolher um gato, pois o cão demanda muito mais proximidade com seu dono e pode sofrer de depressão pela sensação de abandono”, conta.

A coordenadora pedagógica vai além, dizendo que o animal mais indicado é aquele que a criança pede para ter. “Observo, muitas vezes, que o filho pede aos pais um tipo de pet e, por este dar muito trabalho, eles optam por outro. Nesses casos, a criança não tem interesse em responsabilizar-se pelo bichinho e muito pouco em interagir com ele”.

Por isso, ouça seu filho ao fazer a escolha do seu animal e deixe os dois curtirem momentos de muita diversão e aprendizado juntos, pois isso só trará ganhos para o presente e para o futuro. “Crianças e animais precisam ser ensinados com amor e paciência. Quando aprendem juntos, criam laços que serão eternos, lembrados por muito tempo, mesmo quando essa criança se tornar adulta e quando esse amigo de infância já não estiver mais presente”, enfatiza Dra. Gisele.