logo Alô Bebê
 

Crianças com restrição alimentar

Durante sua carreira como nutricionista, Elaine Cristina Rocha de Pádua atendeu a pais desesperados de crianças com diversas restrições alimentares. Diabetes, hipertensão, sobrepeso e alergias são alguns dos problemas capazes de levar os responsáveis à loucura em busca de solucionar a dieta dos filhos.

Pensando em casos que chegaram ao seu consultório e nas suas experiências com a filha Isabella, ela decidiu escrever o livro "O que Tem no Prato do Seu Filho - um Guia Prático de Nutrição Infantil aos Pais".

A obra, lançada pela editora Alles Trade, traz dicas e receitas para crianças que, por diversas razões, têm restrições alimentares. Segundo Elaine, o principal fator para uma boa alimentação, válido para qualquer criança, concentra-se na disposição dos pais em vencer e prevenir qualquer tipo de problema desde o nascimento. "Crianças mal alimentadas tornam-se propensas a serem adolescentes e adultos obesos, com diabetes, hipertensão, triglicérides e colesterol alto, além de deficiências de substâncias como o cálcio, o que prejudica a formação óssea."

A nutricionista também destaca a preocupação com eventuais complicações de fundo psicológico com os pequenos devido ao sobrepeso, como o bullying e a baixa autoestima. "É preciso ter consciência de que a educação alimentar começa em casa e este é um papel dos pais, e não da escola ou de qualquer outra pessoa", alerta.

Como contornar as restrições alimentares

Distúrbios como diabetes, hipertensão e sobrepeso podem ter a ver com fatores genéticos. A alimentação, entretanto, tem papel fundamental para controlá-los. É o caso da pequena Luísa, de dois anos, que mede 91 centímetros e pesa 19 quilos, peso considerado acima da média. A mãe, Márcia Bauer Cunha, relata que há casos de obesidade em sua família, e que a filha está em processo de reeducação alimentar.


"Sabemos que esta fase influencia muito no que a criança será no futuro." Desde dezembro, Luísa diminuiu a quantidade de leite ingerida. E os resultados já começam a aparecer. "Ela tem feito cinco refeições por dia, consumido mais frutas, sucos e alimentos integrais. Em apenas um mês, cresceu e não engordou mais." Apesar de não beliscar, Luísa tomava várias mamadeiras ao longo do dia e da noite. Agora, além de diminuir a quantidade de leite, Márcia passou a dar a versão semidesnatada à filha - que não deixa nada a dever do ponto de vista nutricional. "Ela ainda chora por sentir falta das mamadeiras à noite. Porém, o organismo já está se acostumando", completa.

Se o leite sobrava na dieta de Luísa, está proibido para Júlia, de dois anos. A pequena tem uma restrição alimentar, que é uma alergia à proteína do leite e só pode consumir um tipo de complemento alimentar em pó. "Descobri essa restrição alimentar quando ela tinha de cinco para seis meses, assim que começou a ingerir leite normal. Ela rejeitava e, quando conseguia tomar uma mamadeira inteira, colocava tudo para fora, além de os lábios e orelhas incharem", conta a mãe, Juliana Engler. Após muitos exames, foi descoberto o problema.

Desde então, Júlia não pôde mais ter contato com nenhum derivado do produto. O leite de soja foi indicado pelo pediatra como alternativa, mas ela reagiu ao produto com problemas de fundo respiratório. Assim, a médica receitou o consumo do complemento, um conjunto de aminoácidos livres. "Ele substitui algumas proteínas do leite, tem carboidrato, gorduras, ferro, sódio, potássio, algumas vitaminas, mas não tem cálcio, que é o forte do leite", diz Juliana. Por isso, a alimentação da garota precisa ser reforçada com feijão e vegetais. "Ela aceita bem e já sabe recusar aquilo que não pode comer. Eu também mudei, não tomo sorvete ou como pizza na frente dela."

Equilíbrio de nutrientes é fundamental para lidar com as restrições alimentares

Embora o leite de soja não tenha funcionado bem para Júlia, foi a solução perfeita para a vegetariana Daniela Cordeiro, mãe de Bernardo, 3 anos, e Isabela, 9. Mesmo antes de se tornar vegan, que é um tipo de dieta que a pessoa deixa de consumir qualquer alimento de origem animal, ela já evitava o leite comum. "O primeiro pediatra da Isabela disse que eu era louca, que uma criança não podia ser vegetariana, sendo que fui criada assim e nunca tive problemas."

Daniela passou pelo mesmo problema quando Bernardo nasceu e, em ambas as ocasiões, teve que procurar outros médicos até encontrar profissionais que a ajudassem a elaborar a dieta dos filhos de acordo com suas restrições alimentares. "O único complemento que eles já tomaram foi vitamina  B12, inexistente em vegetais. No mais, eles comem bastante castanha e outras oleaginosas, que têm proteínas, além de soja, grãos e vegetais. Nunca tive problemas de saúde com nenhum dos dois, eles raramente pegam uma gripe", completa.

Saiba mais sobre alimentação para as crianças

  • Alimentos industrializados, como biscoitos e salgadinhos, são pobres em nutrientes e não devem fazer parte da rotina das crianças;
  • Nenhum alimento é proibido. No entanto, é importante negociar com as crianças para que o consumo seja feito de forma equilibrada;
  • Verifique os rótulos dos alimentos para saber o seu valor nutricional e compartilhe esse hábito com seus filhos;
  • Se a criança tem intolerância à lactose ou outra substância, os nutrientes presentes neste tipo de alimento devem ser repostos por meio de suplementos ou outros itens da dieta;
  • Substâncias como glúten e lactose só devem ser evitadas por quem tem problemas de intolerância ou alergia. Caso contrário, devem ser consumidas normalmente, já que não fazem mal à saúde;
  • O café da manhã é, de fato, a refeição mais importante do dia e não pode ser abolido em hipótese alguma;
  • Diga não ao radicalismo e acredite que mudanças pequenas são capazes de proporcionar grandes resultados.

Confira o passo a passo de algumas receitas para crianças com restrições alimentares:

Salada de arroz integral
Indicada para crianças vegetarianas

Ingredientes
2 xícaras de chá de arroz integral cozido
1 lata de milho verde cozido no vapor
4 rabanetes pequenos ralados
2 colheres de sopa de suco de limão
2 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de café de sal
2 colheres de sopa de salsa picada
1 maço de agrião


Preparo

Misture o arroz, o milho e os rabanetes em um recipiente. Tempere com o suco de limão, o azeite, o sal e a salsa. Reserve. Arrume o agrião em uma saladeira e coloque a salada no centro


Sopinha saudável

Indicada para crianças que têm anemia

Ingredientes
1 cebola
1 dente de alho
250 g de brócolis
200 g de couve-manteiga
100 g de cenoura
4 batatas
2 colheres de sopa de azeite
1 litro de caldo de legumes
Suco de um limão
1 pitada de sal





Preparo

Descasque e fatie a cebola, o alho e lave os demais vegetais. Destaque os buquês de brócolis, rale a cenoura, descasque, lave e pique as batatas. Coloque o azeite para esquentar em uma panela.
Acrescente a cebola, o alho e refogue por três minutos. A seguir, coloque os brócolis e a cenoura ralada. Deixe refogar e depois despeje o caldo e as batatas. Após ferver, deixe cozinhar por 25 minutos. Adicione a couve picada, o limão e o sal.
Sirva em seguida.