Dentes de leite: como cuidar e o que fazer para seu filho passar pela fase de trocas sem trauma
Troca da dentição. Este é mais um lembrete da mãe natureza de que o seu pequeno está crescendo e já não é mais apenas um bebezinho. A queda do primeiro dentinho do seu filho é um grande acontecimento, mas será que vocês estão prontos para passar por esta fase?
Os dentes decíduos ou dentição temporária recebem o apelido “de leite” por serem mais branquinhos do que os permanentes. Mais ou menos 20 deles são formados no quarto mês de gestação e só aparecem por volta do sexto mês de vida do bebê, quando ele já pode ingerir alimentos sólidos. Embora tenham composição semelhante à dos dentes permanentes, a primeira dentição do seu filho não tem o mesmo formato e tamanho dos sucessores.
A partir dos seis os sete anos, os pequenos começam a passar pela fase da “janelinha”, quando se inicia a troca dos dentes. Algumas crianças ficam ansiosas para este momento, mas outras sentem vergonha e você precisa explicar para elas que é uma situação completamente normal, que faz parte de um desenvolvimento saudável até os 12 ou 13 anos de idade.
O DENTE AMOLECEU. E AGORA?
Na maioria das vezes, o nascimento dos dentes permanentes é bem mais tranquilo do que a chegada da primeira dentição. Um dia, seu pequeno vai acordar e perceber que um dos dentinhos da frente está um pouco mole e, com o passar dos dias, vai amolecer ainda mais.
É comum que as crianças fiquem mexendo na ansiedade para que o dente caia mais rápido, mas, na verdade, o estímulo não interfere na queda pois o dente ainda precisa completar o processo de reabsorção e deposição óssea. Durante este período, a raiz vai se soltando e pode atrapalhar a alimentação, a fala ou a higienização bucal.
Demora apenas alguns dias para que o dente fique tão mole e tão solto que você mesmo ou a própria criança conseguem “ajudá-lo a sair” sem dor nenhuma, basta ter as mãos limpas e girar um pouquinho o dente. A gengiva pode sangrar um pouco, mas é só colocar uma gaze com gelo para provocar a constrição dos vasos sanguíneos e estancar o sangramento. Depois de aberta a janela, o novo dente começa a apontar em algumas semanas, mas o crescimento completo demora até oito meses.
Outra opção é levar a criança ao dentista, que fará a retirada cirúrgica do dente com aplicação de anestesia local. Se o pequeno estiver amedrontado ou inseguro, considere a visita. Outro bom motivo para levá-lo ao consultório odontológico é em caso de retenção prolongada, ou seja, quando já é possível ver a ponta do dente permanente, mas o dente de leite ainda não caiu. Ela é causada devido ao posicionamento, gengiva muito fibrosa ou falta de espaço e pode ser responsável por inflamações na região devido ao acúmulo de alimentos.
Em alguns casos, o dente pode ser engolido sem querer pelo pequeno. Se isso acontecer, não se preocupe, pois irá sair naturalmente. A situação só é preocupante se ele tomar o rumo das vias aéreas. Quanto ao medo de acontecer durante o sono, fique tranquila: não há casos conhecidos na literatura médica.
Independentemente da forma que o dentinho do seu filho sair, tome cuidado para não causar um trauma, pois a experiência será repetida diversas vezes ao longo da infância. Não faça brincadeira que possam deixá-la amedrontada e não utilize técnicas dos tempos da vovó, como amarrar o dente com fio dental na fechadura!
A FADA DO DENTE E OUTROS DESTINOS PARA OS DENTINHO
O que fazer com o dente de leite? Existem várias opções para tornar a queda do dente algo memorável e você pode escolher junto com o pequeno o destino que terá essa pequena parte do corpo.
Se o seu filho acreditar na fada do dente, incentive a brincadeira. Combine de colocar o dente embaixo do travesseiro e, no meio da noite, enquanto o pequeno dorme, troque por uma moedinha. Só tome cuidado para a criança não se tornar gananciosa e querer arrancar de uma vez todos os dentes de leite para “ficar rico”.
Existem outras duas formas muito benéficas de destinar os primeiros dentes da criança: entregá-los para doação no Biobanco de Dentes da Faculdade de Odontologia da USP, que realiza pesquisas científicas (para isso, envie-os conservados em soro fisiológico para Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo: Avenida Professor Lineu Prestes, 2.227, Cidade Universitária, São Paulo/SP CEP 05508-900) ou congele-os em clínicas de criogenia para preservar as células-tronco. Elas podem ser usadas para auxiliar doenças como Alzheimer e Mal de Parkinson e malformações como lábio leporino.
CUIDADOS COM OS DENTES
A troca de dentição é uma ótima oportunidade para conversar com as crianças sobre a necessidade de manter os dentes sempre limpos e bem cuidados. A higienização deve ser feita com uma gaze úmida desde o surgimento do primeiro dente de leite após a alimentação para evitar a chamada cárie de peito (ou de mamadeira). Quando nascem os molares, na parte de trás, você já pode introduzir a escova e o creme dental.
A partir de quatro anos, a criança já pode escovar os dentes sozinha. No entanto, supervisione a atividade até os oito anos de idade, mostrando para o pequeno os movimentos a serem feitos e a quantidade de pasta de dente que deve ser utilizada. Dê atenção especial à última escovação do dia, pois durante o sono a produção de saliva diminui, e é ela quem faz a “limpeza” bucal natural.
A higiene bucal deficiente pode causar uma série de problemas para os pequenos. Os mais frequentes são as cáries e as erosões. A primeira é causada por microrganismos que metabolizam o alimento na boca e produzem um ácido que lesiona os dentes. Já a erosão acontece devido a ingestão de alimentos industrializados em excesso e corrói o esmalte, a estrutura e até mesmo o tamanho dos dentes. Em ambos os casos, será preciso uma consulta odontológica.