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Desenvolvimento infantil: harmonia de gestos e movimentações


 

O movimento é um dos meios de comunicação do indivíduo com o mundo. E a função motora não está isolada, mas faz parte de um conjunto que reúne também aspectos afetivos e intelectuais. A psicomotricidade surge, então, como uma ciência voltada para estimular e reeducar as estruturas que regulam gestos e movimentos, numa proposta de ações integradas que levam em conta uma abordagem global da criança e seu desenvolvimento neuro-psico-motor.

"O ser humano utiliza o corpo para mostrar intenções e sentimentos", diz a psicopedagoga e psicomotricista Luciana Cini Bosisio, que acumula uma experiência clínica de oito anos no atendimento a crianças e adolescentes. Segundo ela, o que se espera, a partir de estímulos mentais e afetivos, são gestos precisos, harmônicos e econômicos.

O fato das exigências começarem cada dia mais cedo para a meninada, especialmente no processo de aprendizagem, muitas vezes não é acompanhado de maturidade suficiente para responder às demandas impostas já nos primeiros anos de frequência na escola. As consequências dessa queima de etapas, explica Luciana, surgem nos primeiros anos do ensino fundamental e traduzem-se em deficiências motoras, no registro da escrita, dificuldade de organização e atenção. Por isso, a importância de identificar eventuais dificuldades motoras precocemente e atuar de forma preventiva, especialmente na educação infantil.

Escola e profissionais atentos

As bases que deram origem a essa ciência ganharam contorno após a 2ª Guerra Mundial, na França, com a utilização de algumas técnicas para a reabilitação motora de combatentes. No Brasil, há cerca de duas décadas, pedagogos e professores passaram a olhar essas manifestações de que alguma coisa não ia muito bem na resposta às exigências escolares com mais interesse. Em alguns casos, é comum a escola apresentar o problema aos pais e propor uma avaliação psicopedagógica realizada por um psicomotricista.

Hoje, brincadeiras, jogos recreativos e exercícios dirigidos - num clima de muita ludicidade - vieram complementar os repetitivos e nem sempre muito atraentes exercícios motores que preparam as crianças para a escrita.

Esquema corporal (percepção, conhecimento e domínio do próprio corpo), lateralidade, orientação espacial e temporal, domínio do gesto na pré-escrita são os elementos básicos com que a psicomotricidade trabalha. Brincadeiras com bola e corda, atividades com argila e tinta, jogos de encaixe e montagem são algumas das ações desenvolvidas.

"O ritmo e o trabalho com o corpo estão ligados à aprendizagem e o desenvolvimento das bases motoras é o alicerce para o movimento e o traço", afirma a psicomotricista.

Ela observa que a vida nos centros urbanos e a convivência em espaços reduzidos é uma das razões para a restrição do movimento infantil, que tem como consequência a perda da dinâmica global. O recado é simples: estimular a atividade corporal dos pequenos, possibilitar oportunidades de atividades em espaços amplos e - por que não? - entrar também na brincadeira. A meninada só tem a ganhar em desenvolvimento motor, emocional e cognitivo.