Exposição solar na infância
O sol de hoje em dia é mais danoso que o sol de décadas atrás. A camada de ozônio - que protege a pele filtrando os raios solares nocivos à saúde - já está desaparecendo. Sabe-se hoje que a quantidade de radiação solar que a pele recebe até os 20 anos de idade é responsável por 90% dos cânceres de pele no futuro. E que, mesmo com todos os cuidados, os pediatras ainda veem crianças com queimaduras de 2º grau devido à exposição solar. Esta é a idade, portanto, de maior responsabilidade nos banhos de sol.
Mas o sol não é só um vilão. É através da exposição aos raios solares que o nosso organismo metaboliza a vitamina D, indispensável para a absorção de cálcio. Por este motivo, desde os primeiros dias de vida, é comum ouvir a recomendação: "os bebês devem ser expostos ao sol todos os dias". Será que esta conduta é certa? Nos Estados Unidos, por exemplo, a Academia Americana de Pediatria recomenda que as crianças abaixo de 6 meses não devem ser expostas ao sol. E aqui no Brasil?
A conduta pediátrica brasileira é mais flexível. Recomenda-se a exposição ao sol com muita responsabilidade. Os horários e tempo de exposição ao sol devem ser muito bem controlados: antes das 9h00 da manhã (ou 10h00, no horário de verão) e após às 16h00 (ou 17h00, no horário de verão).
Progressivamente aumenta-se o tempo do bebê no sol direto: 5, 10, 15 e até 20 minutos. Os braços e pernas podem ser expostos, a barriga e as costas também. Sempre se evita o sol na cabeça e no rosto. Quando os pais sentirem (na própria pele) que o sol está forte demais, devem evitar expor o bebê. É nestes dias que o índice UV está alto e o sol é mais prejudicial.
Hoje em dia muitos sites na internet informam, além da previsão do tempo, a previsão do índice UV, que varia de zero (muito baixo) até 10 (muito alto).
Mas há dois pontos muito importantes sobre a exposição solar nos bebês abaixo dos 6 meses: Muitas vezes é difícil expor o bebê ao "sol saudável" nas cidades grandes, como São Paulo - prédios que só deixam o sol aparecer às 11h00, vento frio, dias nublados: por isso, todas as crianças normalmente recebem doses extra de vitamina D, e isto é feito justamente para que não haja uma obrigatoriedade na exposição solar nesta idade.
E um outro ponto importante: não se deve utilizar filtros e bloqueadores solares em menores de 6 meses. O FPS (fator de proteção solar), mesmo baixo, pode ser tóxico ao organismo dos bebês.
Após os 6 meses, a exposição solar já é mais fácil, justamente porque o uso de filtros solares já é permitido e seguro. A reposição oral com vitamina D continua sendo importante, porque o uso dos filtros solares diminui muito os efeitos da luz solar na pele para a conversão de vitamina D. Abaixo, outras recomendações em relação ao banho de sol:
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Sempre deve ser usado um bloqueador solar hipoalergênico com FPS 15 ou 30, e dependendo do nível de exposição solar (alto mar, barcos, etc.) o nível de proteção pode ser aumentado até FPS 60.
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O filtro solar deve ser passado pelo menos 15 minutos antes do início da exposição ao sol, e de preferência com a criança "sem roupa".
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Mesmo com o uso de filtro solar a criança deve estar protegida com chapéu e camiseta.
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O filtro solar deve ser "repassado" sempre que houver longa permanência na água ou após exercícios físicos. Existem filtros especiais e mais resistentes à água.
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Os lábios não devem ser esquecidos: é importante usar um filtro solar labial com FPS 30.
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Mesmo nas crianças é fundamental usar creme hidratante após exposição solar e após o banho (2 a 3 vezes ao dia).
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Devem ser oferecidos líquidos à criança frequentemente: água, chá, sucos, frutas, sorvetes e até isotônicos, quando o calor for intenso.
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Outro cuidado: o contato com cítricos - suco ou sorvete de limão, lima ou laranja - pode ocasionar manchas na pele se houver exposição solar.
Com estes cuidados poderemos aproveitar todos os benefícios do sol nas crianças, sabendo que não haverá, no futuro, nenhuma consequência do abuso à exposição solar.