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Gravidez depois dos 40

A medicina evoluiu, criou tecnologias que auxiliam a concepção e aumentou a expectativa de vida do homem. Por outro lado, os humanos trataram de se dedicar mais ao corpo e se preocupar com os excessos. Essa combinação vem surtindo efeitos. Segundo o IBGE, o número de mulheres que engravidaram com 40 anos ou mais aumentou 27% entre os anos 1991 e 2000.

Para Silvana Chedid Grieco, ginecologista, obstetra e chefe do Serviço de Reprodução Humana do Hospital da Beneficência Portuguesa, até a menopausa, a idade não é o fator que impede a mulher de ter filhos. "O histórico é o que determina se ela poderá ser mãe aos 35, depois dos 40 anos". A maior parte das que cuidam da alimentação, controlam o peso e que fazem acompanhamento ginecológico tem condições de ter filhos tranquilamente.

Em plenos 40 anos de idade, Gisele Franco, consultora de RH, goza de plena forma em sua primeira gravidez. Além de ter concebido "naturalmente", ela demonstra vivacidade e energia, mesmo com uma barriga de 8 meses. "Trabalhei até o fim, o que fiz foi diminuir o ritmo". Gisele, praticante fiel de ginástica, defende que seus hábitos a possibilitaram engravidar facilmente e a ter uma gravidez saudável e tranquila. Gisele quer voltar logo ao trabalho, mas afirma que vai organizar a agenda para ter mais tempo para a pequena Sofia. Ela entende que o espírito jovial deve acompanhar qualquer mulher que deseja ser mãe, e que é mais fácil aceitar as mudanças que a maternidade traz quando se é mais maduro.

Jovem por mais tempo

Sônia Regina Callegarette tem dois filhos - Camila, de 22 anos, e Daniel, de 17. Para ela, a vontade de ser mãe e constituir família veio tarde, só após os 34 anos. Na época, casar-se com esta idade era incomum, ser mãe aos 40 anos era mais ainda. O primeiro filho nasceu quando ela tinha 35 anos. A gravidez foi tranquila e a criança nasceu forte e sadia. Cinco anos depois Sônia teve outro bebê, já estava com 40 anos e não encontrou dificuldades para engravidar.

A gestação não foi tão tranquila quanto a primeira, quase sofreu um aborto e o bebê veio prematuramente, aos 7 meses. Ela acredita que hábitos saudáveis e boa alimentação foram determinantes para que gerasse os bebês com a idade que tinha. "Na época não havia tantos recursos. Mas deu tudo certo". Assim como Gisele, Sônia se considera muito jovem e atribui aos filhos o espírito jovial que carrega até hoje. "Aos 57 anos, vou à balada com meus filhos. Quero estar perto deles para me manter com esse espírito e viver mais tempo". Ela encoraja as mulheres que desejam ser mães mais tarde e diz que a maturidade traz mais tranquilidade e confiança, além disso, rejuvenesce.

Apesar da gravidez não ter sido um sonho de garota, Sônia adorou ser mãe, a ponto de ter desejado mais filhos, mas depois dos 40 anos não quis arriscar. Ela deixou trabalho e estudo para cuidar do pequeno Daniel, que tinha alguns problemas de saúde. Quando tinha apenas a mais velha, Camila, a dona de casa conseguiu conciliar a maternidade com a vida profissional.

A jovialidade de Sônia tem explicações médicas, segundo dra. Silvana Grieco, a mãe tardia tem mais tranquilidade emocional, e geralmente econômica, que as mulheres que engravidam muito cedo. Além disso, elas procuram manter-se jovens para acompanhar o desenvolvimento dos filhos por mais tempo. Cuidam da mente, da saúde e isso garante longevidade.

A gravidez tardia ainda traz mais condições da mulher adaptar o estilo de vida para estar mais perto da criança. Com carreira profissional garantida e união estabilizada, essa mãe é capaz de optar de maneira consciente por diminuir a carga de trabalho ou adaptar seu ritmo profissional. 

Patrimônio determinado

É verdade que a medicina aumentou a expectativa de vida e que as pessoas não aparentam mais a idade que realmente têm. Mas, essas melhorias ainda não garantem às mulheres a certeza de engravidar em qualquer idade. Mulheres sexualmente ativas e em idade fértil encontram dificuldades para realizar o sonho da maternidade e, muitas vezes, precisam recorrer a métodos artificiais. Isso ocorre porque o organismo feminino nasce com a quantidade determinada de óvulos.

Segundo explica a ginecologista e obstetra Silvana Grieco, esses gametas são os mesmos até o fim da vida reprodutiva da mulher. Com o passar da idade, tendem a diminuir e a enfraquecer. "Não há como mudar o processo de envelhecimento dos óvulos", afirma a médica. Segundo ela, a quantidade de óvulos diminui progressivamente e, após os 25 anos de idade, a fertilidade da mulher vai se reduzindo. Por volta dos 35 anos, estão em menor número, ficam mais frágeis e aumentam as possibilidades de surgirem alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down, que decorre de alterações no cromossomo 21. Atualmente, existem no país cerca de 10 mil novos casos ao ano.

Essa não é a preocupação da advogada Ana Paula Miranda. Aos 33 anos, seu corpo está no ponto para engravidar, mas após três anos de tentativas ela ainda não recebeu a visita da cegonha. Como seu sonho é ser mãe, passou por inúmeros exames e fez uma inseminação artificial (in vitro) que não teve resultado positivo. Para ela, além do problema clínico (seus óvulos são imaturos) o estresse e a ansiedade diminuem ainda mais as chances dela engravidar. "A relação sexual programada não é algo natural, a gente fica muito ansiosa", diz ela que está disposta a enfrentar o tratamento mais uma vez. Para controlar o desejo, Ana Paula se mantém trabalhando e prefere não pensar se seu rebento será menino ou menina. A única certeza que tem é de que ao ter o bebê vai diminuir o ritmo de trabalho para se dedicar a ele. "Enquanto a mulher menstruar, a idade não é o fator que determina se ela consegue engravidar. Hábitos saudáveis e cuidados profiláticos influenciam diretamente se elas podem gerar bebês aos 20, 30 40 anos."

Métodos Artificiais 


Estima-se que a cada dez casais, dois tenham dificuldades para ter filhos. Por isso, a medicina dispõe de métodos artificiais de reprodução humana. O tratamento pode ser embasado apenas em orientação ou exigir intervenção médica, a chamada reprodução assistida. 

Indução da Ovulação: utilizada em caso de falta ou de distúrbios da ovulação. Usado em casos de inseminação intrauterina e fertilização in vitro, consiste em induzir a produção de óvulos com hormônios.

Inseminação intrauterina: consiste em injetar espermatozoides dentro do útero da mulher. A técnica é indicada para mulheres que apresentam distúrbios de ovulação e endometriose (se as trompas não estiverem obstruídas). É geralmente usada em conjunto da indução da ovulação.

Fertilização in vitro: é a técnica mais conhecida, dela nascem os bebês de proveta. É indicada para casais que já passaram por outros métodos de reprodução assistida. Óvulos e espermatozoides são retirados do homem e da mulher e a fecundação ocorre fora do corpo. Na fertilização clássica, um óvulo é colocado em contato com milhões de espermatozoides que tentarão fecundá-lo. Na inseminação ICSI (uma das mais eficazes) o espermatozoide é implantado no interior do óvulo. Essa técnica é uma das mais usadas em caso de gravidez tardia, principalmente em mulheres que não têm óvulos saudáveis. Ela recorre a uma doadora de óvulos que, depois de fecundados, são colocados em seu ventre.

Mas uma dica vale para todas as futuras mamães: busque sempre o máximo de informações possíveis sobre o desenvolvimento da gestação, quanto mais, melhor. Para ajudar a Alô Bebê oferece a ferramenta Gravidez semana a semana. Consulte-a, mas lembre-se sempre de esclarecer suas dúvidas com seu médico.