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Medo do parto é normal ou lendário?

Depois de nove meses de espera, finalmente chega o momento do parto. O momento em que a mamãe conhecerá o rostinho do bebê que ela alimenta e carrega durante tanto tempo. Mas, e agora? Como será o parto? Normal, cesárea? Com dor ou sem? O trabalho de parto será demorado? Muitos são os medos e os anseios que envolvem o parto.

De acordo com Juliana Morillo, psicóloga clínica especializada em terapia familiar, esse medo do parto começa com a referência que as mulheres têm do parto, que na maioria dos casos remete à dor. "O momento do parto, quando mostrado em filmes, por exemplo, sempre traz uma mulher sofrendo, sentindo dor. Isso fica registrado na memória das futuras mamães", afirma Juliana.

Uma outra referência, principalmente para as mães mais jovens, de "primeira viagem", são as histórias contadas por tias, mães e pessoas mais velhas. "Como para essas mulheres tudo o que envolve a gravidez ainda é uma novidade, as histórias de partos doloridíssimos e complicados acabam marcando".

Outro aspecto do medo do parto é a falta do total controle sobre o bebê. "A preocupação das mulheres, muitas vezes, é com o que pode acontecer com a criança, que a partir do momento do nascimento está exposta no mundo. A mãe, no momento do parto, perde o controle total sobre a proteção do bebê", diz a psicóloga.

Medo do parto pode ser normal

O medo deste momento é normal, desde que não paralise a mulher. "Uma boa forma de diminuir esses receios é tirar todas as dúvidas sobre a situação, além de ter confiança total no médico e não ter vergonha de questioná-lo, fundamental para deixar a mãe mais tranquila e confiante". A permanência de um receio que começa antes mesmo do nascimento do bebê pode acarretar problemas futuros. "A mulher que tem a ansiedade muito acima da média, principalmente nos últimos meses de gestação, pode ter a pressão arterial alterada e pode até desenvolver uma depressão pós-parto", alerta Juliana, explicando que existe uma diferença muito grande entre medo normal e exagero, que exige cuidados. "O medo exagerado impede a mulher de curtir a gravidez e isso muitas vezes acontece desde o início da gestação. É importante que todas as pessoas próximas possam dar apoio e atenção à futura mamãe".

De acordo com o ginecologista e professor da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, Roberto Hegg, a obstetrícia moderna oferece tantos recursos à gestante que o medo de que aconteça alguma coisa no momento do nascimento pode ser sanado pelo próprio médico.

"É claro que imprevistos existem e que pode acontecer uma hemorragia ou um descolamento de placenta, por exemplo. Mas, se a gestante tem um bom acompanhamento, faz um pré-natal adequado, as possibilidades de um problema diminuem consideravelmente", diz o médico. Mesmo a escolha entre o parto normal e a cesariana, que antigamente se dividiam em "com ou sem dor", já não é mais um problema para a mais receosa das mães. Segundo o ginecologista, o parto normal, hoje em dia, já é feito com anestesia, para que a gestante não sinta nenhuma dor. "As mulheres que sempre quiseram ter o bebê pelo parto normal, mas tinham medo da dor, já podem ficar tranquilas", enfatiza ele.

"Tive medo de não ver meu filho"

A publicitária Gisele Duarte Marques, mãe de Rafael, de três anos, passou pelo problema. Gisele afirma que desde o segundo mês de gestação já sentia palpitações ao pensar no parto. Mas, a partir do quarto, quinto mês de gravidez, quando a barriga começou a crescer e a aparecer, é que o medo do parto ficou mais forte. "Quando percebi que minha barriga crescia tive a certeza de que estava gerando uma vida e que, em algum momento, o bebê teria que sair dali", relembra.

A publicitária explica que o medo do parto estava atrelado à dor e, por conta disso, optou pela cesariana, mas também havia o receio de acontecer alguma coisa com ela ou com o bebê. "Tinha medo de morrer e não ver o meu filho ou de acontecer algo com ele, como o cordão umbilical enroscar no pescoço, por exemplo". Gisele procurou ajuda psicológica, contou com o apoio e muito amor dados pelo marido e não deixou de curtir o desenvolvimento do filho.

"O medo do parto existe, mas a vontade de ser mãe e de ver o rostinho do bebê te ajuda a superar tudo isso". Ela conta, também, que no final da gravidez o medo do momento do parto se mistura à vontade de ter o bebê nos braços, de vê-lo fora da barriga. "No final da gestação tive uma força que só me fazia pensar no bebê no meu colo. Aí a ansiedade era para que o parto acontecesse o mais rápido possível". Hoje, três anos depois do nascimento do primeiro filho, Gisele já pensa em repetir a experiência da gestação. "Acho que se eu tiver outro filho, toda a trajetória será diferente. A falta de experiência te leva a desenvolver alguns medos. Hoje sei que o momento é único. Estou pronta para ter outro bebê", diz a mamãe.