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Problemas de visão em crianças

A posição em que a filha assistia à televisão intrigava a secretária-executiva Ivani Santos. Vitória, que na época tinha cinco anos, entortava a cabeça e posicionava os olhos para cima, em direção ao aparelho. Já imaginando que a menina poderia ter algum problema da visão, a família resolveu procurar um médico.

O resultado surpreendeu a quase todos - exceto a professora de Vitória, que já havia percebido que ela se cansava muito ao acompanhar as atividades passadas na lousa. "Foi um susto. Não acreditei que ela tinha mais de sete graus de hipermetropia, e também estrabismo", relata a mãe. Dois anos depois da descoberta, a garota leva uma vida normal usando óculos.

O problema de Vitória é muito mais comum do que se imagina. Segundo estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), cerca de 30% das crianças em idade escolar apresentam alguma problema da visão. O médico Paulo Augusto de Arruda Mello, professor da Unifesp e presidente da entidade, diz que a hipermetropia lidera o ranking das doenças relacionadas à visão mais presentes na infância.

E a dificuldade do paciente em enxergar de perto acaba gerando cansaço e dores de cabeça, sem falar no rendimento ruim na escola, já que a criança não consegue enxergar. "É muito comum a repetência nestes casos, devido à dificuldade de acompanhar o que foi escrito pelos professores ou está nos livros", explica Mello.

Outro problema da visão bem frequente neste público, de acordo com o especialista, é o astigmatismo. A criança apresenta sintomas parecidos com a hipermetropia ao realizar trabalhos prolongados. A diferença é que o paciente não enxerga bem nem coisas próximas nem afastadas.

A miopia, outra doença dos olhos, também é comum. No entanto, ao contrário das outras duas, ela dificulta apenas a visão de imagens distantes. E tende a aumentar de grau com o passar da idade. Menos frequente, porém mais perigoso, é o estrabismo - falta de alinhamento entre os olhos. Se diagnosticado e tratado precocemente, é facilmente resolvido. Por isso, o médico recomenda: em caso de qualquer desconfiança de problemas da visão, o melhor é procurar um especialista. "Toda doença cuidada no início tem mais chance de cura", alerta. Paulo Augusto sugere que os pais prestem atenção aos sinais apresentados pelos filhos, como fez a mãe de Vitória.

 

 

Se a criança não quer ver televisão, ou assiste aos programas muito de perto, isso pode ser um indicativo. Outra dica simples para detectar problemas de visão, segundo o especialista, é brincar de tampar os olhos dos pequenos, um de cada vez. "Se, por exemplo, eles mostrarem irritação ao terem a vista esquerda tampada, possivelmente têm algum problema no olho direito", explica. Nenhum tipo de exame ou teste em casa, porém, substitui a visita a especialistas.

Quando eles ainda são bebês, o acompanhamento deve ser feito pelo pediatra. Mesmo se não apresentarem nenhum tipo de problema, as crianças devem ser levadas à primeira consulta com um médico oftalmologista quando chegarem à idade pré-escolar.

Principais problemas da visão

Entenda os problemas da visão mais comuns que podem surgir já na primeira infância

Miopia - causada por um erro de refração da luz no olho. Faz com que a focalização da imagem ocorra na frente da retina. Compromete a visão de imagens distantes.

Hipermetropia - o contrário da miopia, a focalização da imagem é feita depois da retina. O grau do problema tende a reduzir com a idade.

Astigmatismo - ocorre porque as linhas horizontais ou verticais que constituem uma imagem se formam de maneira errada. Compromete a visão tanto de perto como de longe

Estrabismo - não alinhamento entre os olhos. Como são captadas duas imagens distintas, o cérebro pode suprimir para sempre uma delas, deixando a pessoa permanentemente cega de uma visão