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Ser mãe de gêmeos

 

Ruth e Raquel em "Mulheres de Areia", Diogo e Lucas em "O Clone", Taís e Paula em "Paraíso Tropical" e Jorge e Miguel em "Viver a Vida". Na teledramaturgia brasileira, é comum que histórias de irmãos gêmeos sejam exploradas para retratar como duas pessoas com aparência idêntica podem ter personalidades completamente diferentes.

Felizmente, não é bem assim que as coisas funcionam na vida real. Os pais de múltiplos - gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos - não têm dentro de casa, necessariamente, um vilão e um herói com o mesmo rosto. "Os problemas de relacionamento entre múltiplos são os mesmos de outros irmãos", explica

Regina Kato, psicóloga e professora da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP. "Ciúme, competição e brigas em geral entre irmãos não têm a ver com o fato de eles serem gêmeos." Segundo a especialista, estudos mostram que bebês que conviveram no útero possuem maior sintonia. "Cabe aos pais cultivar a individualidade de seus filhos e evitar competições e comparações."

Irmãs em total harmonia

 

Carina Aparecida Infante Lopes, 30, e sua irmã gêmea, Carolina, são um exemplo de harmonia. As duas sempre foram muito unidas e são tão amigas que, mesmo depois de casadas, continuam morando próximas uma da outra. "Nós trabalhamos juntas, fizemos a mesma faculdade e hoje somos vizinhas. Minha irmã é minha melhor amiga, e quero que as minhas filhas também sejam assim", diz Carina.

Isabella e Giovanna, também gêmeas, têm quatro anos e são tão próximas que uma não sai de casa sem a outra. "Elas sentem ciúme uma da outra com a gente, mas a maioria das brigas é só para chamar a nossa atenção. Elas ficam o tempo todo juntas", conta. A psicóloga afirma que estar em sintonia com o irmão é uma coisa boa, mas ressalta que a individualidade de cada uma deve ser preservada. "É importante também não estimular a competição entre as crianças." 

Três é demais

A sensação de que será impossível cuidar de mais de um bebê de uma vez é um medo comum entre as grávidas de múltiplos. O segredo para não se abalar, segundo Regina Kato, é confiar nos instintos maternos.

O medo do desconhecido é normal, principalmente para mães de primeira viagem."A psicóloga afirma que o senso de realidade sobre a quantidade de trabalho também é importante. "A mãe vai sentir-se cansada, exaurida, e vai ter de abrir mão de algumas coisas."

Quando descobriu que estava esperando três filhos, Andréa Nascimento Cazelato, 37 anos, teve um ataque de riso - por puro nervosismo.

"Pensei, estamos ferrados. O primeiro impacto foi o susto: eu e meu marido ficamos, literalmente, preocupados. A maternidade já muda sua vida com uma criança só, imagina com três." Aos cinco meses de gravidez, a barriga de Andréa já aparenta uma gestação completa.

Ela conta que sentiu tanto enjoo que só agora está curtindo a iminência da chegada das crianças (e começando a assimilar o fato de que será mãe de trigêmeos). "Ainda não sei se estou preparada para isso, mas sei que vou conseguir me virar."

Individualidade na prática

Majoy Antabi, 37 anos, é mãe de trigêmeos de sete anos de idade, e conta que seus filhos desenvolveram personalidades completamente diversas. Laila é a "menininha", Henri assume a postura de líder e Maia é a mais tranquila. Para manter o equilíbrio entre os irmãos, ela conta que o mais importante é cultivar a individualidade. "Eles estão em classes diferentes na escola, vão a festas diferentes. Sempre levo um sozinho comigo ao mercado." 

Sara Gonçalves, 37 anos, diz que a dinâmica entre seus trigêmeos, também com sete anos, mudou desde que eram bebês. Anna Vitória, João Vítor e Antonio Carlos Júnior eram mais dependentes uns dos outros quando menores. Hoje, não tanto. Os três desenvolveram personalidades muito diferentes. "Eu acho incrível. Mesmo estando sempre juntos e estudando na mesma sala, eles são diferentes. Acho isso excelente, e eles também, tanto que não gostam que as pessoas se refiram a eles como os trigêmeos", afirma.

Dicas para lidar com filhos gêmeos:

A psicóloga Regina Kato dá dicas de como cuidar de múltiplos:

  • Não fique desesperada com as brigas entre eles. Todos os irmãos se desentendem;

  • Não os vista com roupas iguais. Eles precisam ter suas necessidades individuais atendidas, e não apenas de tratamento equitativo em tudo;

  • Não se sobrecarregue. Saiba que você tem amigos e familiares dispostos a te ajudar nos cuidados com as crianças;

  • Confie no seu instinto materno, mas tenha em mente que terá maiores dificuldades por cuidar de mais de um bebê ao mesmo tempo.

Algumas dúvidas relacionadas à gravidez e ao parto são comuns às mulheres que estão esperando múltiplos. Conversamos com Hedi A. El Malat, coordenador da maternidade do hospital Irmã Dulce, em Praia Grande (SP), para solucionar algumas delas:

Alô Bebê - Quem faz tratamento para engravidar tem, de fato, mais chances de ter gêmeos?

Hedi A. El Malat: Sim. Apesar de não haver dados consolidados da porcentagem, está comprovado que mulheres submetidas a tratamentos de reprodução humana têm mais chances de desenvolver uma gestação gemelar.

Alô Bebê - Existem riscos maiores em uma gravidez de múltiplos do que em uma gravidez comum? 

Hedi A. El Malat: A gestante fica mais propensa a desenvolver problemas típicos da gravidez, como hipertensão e diabetes.

Alô Bebê - O que as grávidas de gêmeos podem fazer para evitar complicações?

Hedi A. El Malat: A gestação gemelar é considerada de alto risco e, por isso, requer um pré-natal de alto risco, que é mais detalhado e oferece acompanhamento mais frequentes. São recomendados também repouso e cuidados com a alimentação, principalmente no final da gestação.

Alô Bebê - Quais são as chances de os bebês nascerem prematuros? Quais são as recomendações em relação ao parto?

 Hedi A. El Malat: É normal que múltiplos nasçam prematuros. Cada caso é um caso, e existe a chance de os bebês não estarem na mesma posição na hora do parto. Isso tem que ser analisado pelo médico na hora de decidir por parto normal ou cesariana.