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Teste da orelhinha em bebês

 

É através da audição que bebês, ainda na barriga da mãe, iniciam o desenvolvimento da linguagem. Qualquer perda na capacidade auditiva, mesmo que pequena, a impede de receber adequadamente as informações sonoras, essenciais para a aquisição da linguagem. Daí é fácil entender o quão significante é o Teste da Orelhinha, normalmente realizado no segundo ou terceiro dia de vida do bebê.

O exame, cujo nome científico é Emissão Otoacústica Evocada - EOA -, consiste na colocação de uma sonda na orelha da criança, que emite sons de fraca intensidade e recolhe, no computador, as respostas que a orelha interna (cóclea) do bebê produz. O teste da orelhinha realizado com a criança dormindo, em sono natural. É indolor, não machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura cerca de 10 minutos. O resultado sai na hora. Havendo alguma suspeita, a criança deverá ser encaminhada para avaliação otológica e audiológica completas.

O teste da orelhinha é imprescindível para todos os bebês. Estudos indicam que o recém-nascido que tenha diagnóstico e intervenção fonoaudiológica até os seis meses de idade poderá desenvolver linguagem muito próxima a de uma criança que não apresente qualquer alteração auditiva. No entanto, a maioria dos diagnósticos de perda auditiva só ocorre por volta dos três anos de idade, quando já há algum prejuízo no desenvolvimento emocional, cognitivo, social e de linguagem. Todos os bebês devem ser submetidos ao teste, que aponta de um a três casos de deficiência auditiva em cada 1.000 recém-nascidos. Só para efeito de comparação, o famoso Teste do Pezinho, que detecta um grande número de doenças congênitas, aponta problemas em uma criança em cada 10 mil nascimentos.

Apesar de sua importância, o Teste da Orelhinha não é feito em larga escala. O especialista, Dr. Arthur Castilho, atribui a falta de conhecimento e divulgação do teste a três fatores: "é mais recente que o exame do pezinho; depende de um equipamento relativamente caro para sua execução, e por fim, a falta de conhecimento dos profissionais de saúde que não dão a exata importância para o diagnóstico precoce da surdez, mas isso felizmente está mudando", finaliza o médico. Os fatores que provocam distúrbios da audição, conforme o Dr. Castilho, podem ser divididos em três grupos:

  1. Causas infecciosas - são as mais comuns: provocados por rubéola gestacional, meningite pós-natal e sífilis gestacional.

  2. Causas genéticas - a presença de determinado gene, ou mesmo a ausência de outro, leva à malformação das células auditivas do nervo auditivo. No entanto, as heranças genéticas são muito diferentes e, dependendo do gene que causa a deficiência auditiva, pode haver ou não passagem deste gene para a prole. Às vezes a mutação ocorre no desenvolvimento do feto, às vezes a herança é ligada ao sexo (herança diferente para homens e mulheres). Ou seja, pais surdos podem gerar filhos surdos, mas não necessariamente.

  3. E, por fim, os provocados pelas ditas substâncias ototóxicas, que lesam células ligadas ao sistema auditivo, como antibióticos e produtos quimioterápicos. O médico destaca ainda que há outras causas, mas são mais raras e nem sempre se manifestam no nascimento, como algum tipo de trauma, por exemplo. "Também não podemos esquecer que nos dias atuais temos uma grande exposição aos sons, como música excessivamente alta e poluição sonora, o que pode acelerar o envelhecimento natural das células auditivas". Mesmo diante da descoberta de um problema não há razões para desespero. "Quando o problema auditivo for detectado deve se procurar um médico otorrinolaringologista. Sempre há solução, seja o uso de AASI, do implante coclear ou do implante de tronco", destaca o médico.

O AASI (aparelho de amplificação sonora individual - ou prótese auditiva) é a maneira mais comum de corrigir a perda de audição e leva a um bom resultado. Nos casos em que o AASI não traz resultado, pode-se optar pelo implante coclear, uma prótese implantada cirurgicamente e que estimula a cóclea diretamente. Em casos raros, onde há ausência do nervo da audição ou lesão deste nervo, pode-se utilizar o implante auditivo de tronco cerebral. Há ainda o B.A.H.A. (dispositivo implantado cirurgicamente que é um aparelho vibrador para estimular a cóclea). Este aparelho é indicado nos casos de ausência do pavilhão auditivo (parte externa da orelha) ou de malformação do conduto auditivo externo. A tecnologia é relativamente nova e vem para beneficiar um grande número de pacientes que nascem com este tipo de deficiência. Em relação ao diagnóstico, o Brasil tem se mostrado completo e eficiente.

Caso os pais não tenham feito o Teste da Orelhinha em seus filhos logo após o nascimento, poderão fazê-lo posteriormente. Outros testes, como a avaliação auditiva feita por uma fonoaudióloga, podem mostrar se uma criança tem ou não perda auditiva. "Muitas vezes, a própria percepção dos pais indica que algo pode estar ocorrendo. Se a criança só responde a sons muito altos e não reage a estímulos habituais como o chamado da mãe, é bom procurar um otorrinolaringologista", diz o médico.

Sinais apresentados pelas crianças com audição saudável

Os pais devem estar atentos às reações de seus filhos. Abaixo, as principais reações das crianças com audição normal quando expostas a algum tipo de som ou barulho, conforme a faixa etária:

Bebês de 0 a 6 meses

O bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos. Reconhece a voz materna e procura a origem dos sons.

6 a 12 meses

Localiza prontamente os sons e reage a sons suaves. Balbucia alguns sons e reconhece seu nome quando chamado.

12 a 30 meses

Vai da pronúncia da primeira palavra, como papai ou mamãe, até o uso das primeiras sentenças como: "joga a bola".